sábado, 23 de junho de 2007

Morre um grande pensador do Brasil!

O Brasil está de luto. Os novos estudantes não mais contarão com as aulas do prof. Manoel Correia de Andrade, um dos grandes nomes da ciência social no país e vinculado ao departamento de geografia da UFPE. O prof. Manoel Correia foi de uma geração preocupadíssima em pensar o Brasil. Suas carências, seus problemas, descobrir soluções, um período (a década de 50 e 60) onde o espírito público parecia ser bem maior que hoje, onde muitos jovens buscam a universidade apenas pensando em fazer um curso que lhes garantam um bom salário ao fim do mês. Escreveu livros fundamentais para entender os entraves que a herança colonial impunham ao país, a exemplo de "A Terra e o Homem no Nordeste", um clássico da geografia e das ciências sociais em geral. Tratava de história, de sociologia, antropologia, política com a mesma desenvoltura da geografia, seu lugar oficial na partilha da especialização acadêmica. Contribuiu deveras para resgatar a memória das histórias de Pernambuco, e em particular, de seus movimentos sociais (Movimentos Populares no Nordeste no Período Regencial). Resgatou a história de levantes populares da província (setembrizada, novembrada, abrilada, carneirada, Quebra-Quilos, o Ronco da Abelha, a Cabanagem pernambucana). Escreveu os fascículos de Pernambuco Imortal, com o Jornal do Commercio e a Companhia Editora de Pernambuco. Contou a história dos engenhos e das usinas de açúcar do estado (História das Usinas de Açúcar de Pernambuco). Era colunista dominical do Jornal do Commercio, onde tanto fazia comentar sobre o distante (tão próximo) Timor Leste, sobre a crise palestina ou memórias pitorescas da vida nos engenhos. Enfim, um pensador completo, que chamá-lo de intelectual é ofensa. Intelectual é pedante, chato, arrogante. Manoel Correia era de uma persolidade simples, conversa fácil, travada sem dificuldade pelos corredores da universidade. Um pensador. Pernambucano. Brasileiro.