sexta-feira, 28 de março de 2008


Abreu e Lima e o cemitério dos ingleses.

Quando morreu, o bispo Cardoso Ayres proibiu que o corpo de Abreu e Lima fosse sepultado em qualquer cemitério católico. Detalhe, todos os cemitérios eram administrados pela Igreja Católica até a proclamação da república em 1889. O motivo da briga eram as posições do velho general em favor da liberdade religiosa e sua vinculação com a maçonaria.

O problema dos cemitérios também ocorreu em relação aos ingleses. A maioria dos que fixaram residência no Recife (depois de virem atraídos pelos negócios entre o estado e a Inglaterra) eram anglicanos ou presbiterianos e tinham sepultura negada pelo clero católico quando faleciam. O problema foi resolvido através de um acordo entre o imperador D. Pedro II e o governo inglês, com a doação nas principais províncias de terrenos para a construção de cemitérios voltados para os ingleses protestantes. Aqui no Recife, o Cemitério Britânico fica no cruzamento da av. Cruz Cabugá com a Av. Norte, próximo ao Shopping Tacaruna.

Quando a sepultura foi negada a Abreu e Lima, o Cemitério Britânico abriu suas portas e recebeu o corpo do general, que está até hoje no mesmo lugar. Algumas tentativas de remover o corpo para um mausoléu a ser construído no Cemitério de Santo Amaro foram rejeitadas por descendentes, que afirmaram que a manutenção do sepulcro no Cemitério dos Ingleses representaria as convicções e a vontade do general, além de ser um marco para a memória da história da província.

Abreu e Lima, a refinaria e a Venezuela.

O que os três itens acima possuem em comum? Abreu e Lima foi um dos revolucionários pernambucanos de 1817, formado desde criança com profundas convicções liberais (inclusive, viu o pai ser executado na rebelião de 1817). Isso significava no início do século XIX lutar contra o domínio das metrópoles, a favor da independência e de movimentos republicanos, além da defesa da liberdade de religião e de opinião.

Derrotado o governo republicano de 1817, Abreu e Lima foi para a Venezuela e alistou-se nos exércitos de Bolívar e participou como um de seus generais na luta pela independência da Venezuela e da Colômbia contra a Espanha. Hoje, o general pernambucano é integrante da galeria dos heróis nacionais da Venezuela, com direito a estátua ao lado da de Bolívar na praça central de Caracas.

Quando Hugo Chávez iniciou o seu governo, ele proclamou sua intenção de fazer uma "revolução bolivariana", que recuperasse o ideal de unidade latino-americana, etc. etc. Há cerca de três anos, surgiu o projeto de formação de empreendimentos comerciais comuns entre as estatais do petróleo do Brasil e da Venezuela (Petrobrás e PDVSA). As duas empresas explorariam em sociedade uma refinaria a ser construída no litoral do Nordeste do Brasil e a retirada de petróleo na bacia hidrográfica do rio Orinoco, na Venezuela. ATENÇÃO: Na visita conjunta desta semana, os presidentes Lula e Hugo Chávez definiram a participação de cada um no empreendimento (a Petrobrás com 60 e a PDVSA com 40%).

Quando o local da instalação da refinaria iria ser definido, o presidente Chávez demonstrou o interesse em que o estado escolhido fosse Pernambuco, em homenagem ao Abreu e Lima. Claro que o estado também possuía outros caracteres para essa definição, a exemplo de localização, profundidade do porto de Suape, abastecimento d'água, etc. Assim, Abreu e Lima acabou por ser um importante "cabo eleitoral" para que a refinaria fosse instalada em Pernambuco.

terça-feira, 25 de março de 2008

Crise do liberalismo

A crise de 1929 assinalou a ascensão em todo o ocidente de tendências que defendiam o intervencionismo do estado na economia. Todas as tendências que se consolidaram para enfrentar possuíam um certo grau de intervenção do Estado na economia. Vejamos:

a) Socialismo soviético - não surgiu para enfrentar a crise (a Revolução Russa foi de 1917), mas indicou a tendência para a economia planificada, isto é, planejada, dirigida, controlada pelo governo, que assumia a propriedade dos meios de produção.

b) Nazi-facismo - o modelo econômico alemão era de forte intervenção do Estado na economia, mas com a predominância da iniciativa privada. Diríamos que eles consolidaram o modelo do capitalismo autoritário (que na vertente alemã foi chamada de totalitária).

c) New Deal - o modelo de Roosevelt (que trouxe o economista inglês John Maynard Keynes para ajudá-lo) combinava iniciativa privada, estímulo da economia pelo Estado e manutenção dos instrumentos políticos liberais (eleições, partidos, liberdade de imprensa e expressão - embora os sucessivos governos americanos ao longo do século XX fossem bastante intolerantes e repressivos para com as organizações sociais e manifestações políticas operárias).

d) Welfare State - depois da II Guerra, o modelo econômico europeu consolidou as posições de manutenção da iniciativa privada, controle/fiscalização/estímulo da economia pelo Estado e democracia liberal (tudo isso financiado por uma forte carga de impostos).

Foi essa a crise das doutrinas liberais, que pregavam a liberdade de mercado e que predominavam desde o final do século XVIII.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Tratado de Versalhes (2) - A República de Weimar

O pós-guerra alemão combinou uma fórmula absolutamente contraditória. Na política, o fim do II Reich foi consolidado pela proclamação da república, na forma parlamentarista. Mesmo com os padrões democráticos da nova constituição de acordo com um modelo liberal (voto universal, eleições periódicas, liberdade de imprensa e partidária) foi implementada uma intensa perseguição aos comunistas e grupos socialistas. No plano econômico, novamente contradições. Um país cujo parque industrial saiu relativamente preservado da guerra (boa parte dos conflitos ocorreram fora da Alemanha), mas pressionado pelas pesadas indenizações impostas pelo Tratado de Versalhes.

Um sinal de que o mundo que emergia da guerra era diferente daquele de 1914 foi o fato de que os EUA foram os principais financiadores do pagamento das dívidas germânicas. Isso mostra o nível de interdependência que as economias passavam a ter e como a crise de 1929 impactou os países europeus.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Tratado de Versalhes - uma nova conjuntura internacional...

O Tratado de Versalhes apontou para um mundo diferente daquele do século XIX. Ele marcou o fim dos grandes impérios dos séculos anteriores (russo, turco-otomano, austro-húngaro e alemão) e a ascensão dos EUA no cenário internacional.

Durante todo o século XIX os EUA assumiram uma postura diante da política internacional que é chamada de isolacionismo. Essa expressão não é pejorativa, mas reflete a disposição do país em garantir a sua hegemonia sobre a América Latina, principalmente a América Central. A compreensão de seus sucessivos governos era de que as guerras e os conflitos europeus não eram de seu interesse. E não eram mesmo. Vejamos. Qual o interesse dos EUA nas guerras napoleônicas? Nos conflitos entre liberais e os que desejavam a volta do absolutismo durante a década de 1830 e 1840? Na unificação italiana e alemã? Eram conflitos europeus, que em última análise buscavam eliminar os restos da herança feudal e criar as bases sociais, jurídicas e políticas do capitalismo e da política modernos. O isolacionismo americano foi assinalado pelo discurso do presidente James Monroe, que ficou conhecido por Doutrina Monroe: "A América para os americanos". Essa doutrina marcou a posição dos EUA diante das articulações da Inglaterra em apoio às independências latino-americanas e o sinal de que a sua prioridade era a hegemonia sobre a América Latina.

As posições assumidas pelo governo americano durante a Grande Guerra marcaram a passagem desse isolacionismo para o desejo de afirmar-se mais ativamente no cenário internacional. O presidente Woodrow Wilson foi o responsável por propor a entrada do país na guerra e depois, também propôs a criação da Liga das Nações. O congresso americano, entretanto, controlado pelos republicanos, primeiro demorou a aprovar o envio de tropas ao conflito, e depois rejeitou a entrada do país na Liga das Nações. São informações que nos indicam o profundo debate em que a sociedade americana estava envolvida, sobre o papel que ela deveria assumir naquele momento em que as grandes potências européias estavam em declínio.

Charge de Miguel, no JC de hoje


segunda-feira, 17 de março de 2008

Assuntos para as AE's

Atenção turmas, para o assunto de nossas provas:

Turmas 301, 302 e 303:

a) Imperialismo (neocolonialismo);
b) Primeira Guerra;
c) Revolução Russa 1917;
d) Crise de 1929;
e) F. D. Roosevelt e o New Deal.

Atenção: 301 e 302 fazem provas com 10 questões e a 303 com 16 questões.

Turma 204:

a) Alta Idade Média;
b) Baixa Idade Média.

Atenção: 204 faz prova com 16 questões.

O Peixe, de Patativa do Assaré.

Tendo por berço o lago cristalino
folga o Peixe, a nadar todo inocente.
medo ou receio do porvir não sente,
pois vive incauto do fatal destino.

Se a ponta de um fio longo e fino
a isca avista, ferra-a inconsciente,
ficando o pobre peixe de repente,
preso ao anzol do pescador ladino.

O camponês, também, no nosso estado,
ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.

(O prof. Renan distribuiu esse poema hoje para a leitura em sala)

Antes do pleito, festa, riso e gosto,
depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!

sábado, 15 de março de 2008

Capas da semana (4)


Capas da semana (3)


Capas da semana (2)


capas das revistas da semana (1)


sexta-feira, 14 de março de 2008

Crescimento da economia

Na Inglaterra, o jornal The Guardian publicou hoje um caderno de 20 páginas sobre o Brasil. O ponto de vista sobre a economia merece destaque. Vejam o comentário na página da BBC.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/03/080314_pressguardianbrasil_ba.shtml

quinta-feira, 13 de março de 2008

Gabarito da turma 303 e da turma 204 são os mesmos.

21 a
22 c
23 a
24 c
25 e
26 a
27 b
28 b
29 e
30 b
31 c
32 b
33 b
34 b
35 a

Charges.com.br - o garoto aprovado em direito...

terça-feira, 11 de março de 2008

Seminário de profissões

Oi pessoal. Estamos aqui, online, no seminário de profissões. rsrsrs. Resumo das falas dos palestrantes, até o momento:

1) Procure fazer aquilo que você gosta, de forma dedicada, disciplinada, apaixonada.

2) O salário é uma conseqüência dessa dedicação, dessa garra.

3) O país está crescendo muito em todas as áreas, havendo uma demanda nova por profissionais em todos os cursos que você pretenda fazer.

06 de março de 1817 - Data Magna de Pernambuco

Oi turma. Nosso estado vivenciou no último dia 06, as primeiras comemorações da "data magna" depois da aprovação da lei no final do ano passado. A data foi marcada por palestras, shows no Marco Zero e ampliação do noticiário sobre o assunto na imprensa. A historiografia nacional privilegia até hoje os acontecimentos em torno da Inconfidência Mineira. Com a proclamação da república, o 21 de abril foi alçado à condição de data nacional. Acontece que o movimento de março de 1817 foi incomparavelmente mais importante que os acontecimentos de Minas, que não passou da fase do planejamento, da fase das conspirações. Em Pernambuco, 1817, foi proclamada a independência, a separação efetiva de Portugal, com a instalação de um governo autônomo que funcionou durante cerca de 70 dias. Pouco tempo, sob o aspecto meramente numérico, mas de uma importância monumental sob o aspecto simbólico. Inclusive a repressão feita pelo governo português foi muito mais violenta que em Minas. Em Pernambuco houve cerca de 1700 presos, centenas de execuções, degredo para a África, a Ásia (territórios do império português).

Durante o império, portanto, a memória sobre estes eventos foi simplesmente ocultada, haja vista que o império não tinha o menor interesse em tratar de um movimento republicano e de independência. Quando a república começou, algumas iniciativas foram tomadas para a exaltação desses episódios. No centenário dos eventos, em 1917, estabeleceu-se um feriado comemorativo, mas depois abandonado.

Logo mais, postarei alguns links para o assunto.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Obra de Jorge Amado sai da Record e vai para a Companhia das Letras

Boa notícia para quem gosta de literatura. A obra de Jorge Amado, que por muito tempo foi publicada pela Editora Record está sendo relançada, agora pela Companhia das Letras. É bom porque a Record fazia as edições ano após ano sem muitas modificações, mesma capa, e tal. A Companhia das Letras tem um trabalho muito mais apurado na edição de suas obras. Ganha o leitor. Aliás, a Record já havia perdido anteriormente a publicação da obra de Gilberto Freyre. Seu livro mais conhecido, por exemplo, Casa Grande e Senzala, havia mais de década era publicado na mesma edição com uma capa que nem orelha tinha!!! Confiram a notícia completa no link abaixo:



http://diversao.uol.com.br/ultnot/livros/resenhas/2008/03/07/ult5668u7.jhtm

segunda-feira, 3 de março de 2008

Tradução do discurso de Martin Luther King

Oi turma. Confiram no link abaixo a tradução do discurso de Luther King. Boa leitura.

http://www.portalafro.com.br/religioes/evangelicos/discursoking.htm

Vídeo - "I have a dream."

"Eu tenho um sonho", Martin Luther King

Oi turma. No próximo dia 04 de abril, completam 40 anos do assassinato do pastor batista Martin Luther King, em Menphis. King foi o mais renomado líder do movimento pelos direitos civis nos EUA. Depois da abolição da escravidão por Lincoln, em 1863, foi feita uma emenda à constituição igualando os direitos dos negros aos dos brancos. Mas os estados, principalmente os do sul, escravistas, protestaram, argumentando que cada estado é que deveria elaborar sua própria legislação sobre os direitos civis. Resultado: a maioria dos estados retiraram o direito de voto e de ser votado para os negros, além de vários instituírem a segregação racial, com escolas e igrejas para negros e brancos. Algumas das práticas absurdas previa a proibição dos negros sentarem nos bancos dianteiros dos ônibus, só podendo fazê-lo na parte traseira do veículo.

Luther King liderou os grandes boicotes contra as empresas que adotavam algum tipo de discriminação, contra as empresas de ônibus, marchas sobre Washington, pressões para a elaboração de leis de igualdade racial e de compensação para os negros. Em 1963, o presidente Kennedy assinou as leis nacionais de direitos civis, que impunham a todos os estados a igualdade no tratamento entre negros e brancos, independente da vontade do estado, como seria inicialmente na emenda à constituição por volta de 1863.

Entre alguns de seus mais famosos discursos, está o "I have a dream" (eu tenho um sonho), onde ele trata de um mundo sem preconceitos. Belo, sensível, utópico, sonhador. O próximo post é o discurso original, em inglês. Depois coloco a tradução. Vale pelas imagens da época, para revisar a história da segunda metade do século XIX e para treinar o inglês. rsrsrs.