domingo, 11 de fevereiro de 2007

Sobre os Annales...

A partir da década de 1920, a abordagem positivista da História foi seriamente questionada pelos franceses. Em linhas gerais, havia uma insatisfação pela centralização do trabalho do historiador nos grandes feitos dos grandes líderes, cujo texto era apresentado na forma de uma narrativa desses eventos.

Dois nomes marcaram a renovação nas pesquisas: Marc Bloch, Lucien Febvre e Fernand Braudel. Nomes com histórias pessoais igualmente fascinantes. Símbolos de uma época, diriam alguns. Bloch escreveu importantes trabalhos sobre a Idade Média, entre eles, um chamado "Os Reis Taumaturgos", sobre o papel das monarquias medievais e o relacionamento destas com o imaginário popular, a partir da crença no poder de cura do toque dos reis. Frebvre defendeu veementemente a ampliação das fontes usadas pelo historiador (a fonte passava a ser qualquer vestígio da passagem do homem sobre a terra), além de abordar o documento de uma forma diferenciada. Para ele, o fato histórico não está pronto no documento, bastando catalogá-los em ordem cronológica, como pensavam os positivistas. Os documentos são interrogados pelo historiador a partir dos problemas de sua própria época, aumentando assim, a sua complexidade e ressaltando o papel que o pesquisador na própria construção da História. O historiador não ~e um colecionador, mas um intérprete, e como tal, analisa o documento a partir de sua própria experiência intelectual, social, a partir de seus próprios valores. Braudel escreveu um estudo modelar sobre o Meditarrâneo na época de Felipe II (aquele da União Ibérica), onde inicia descrevendo a paisagem (solo, clima, relevo, etc.) da bacia mediterrânea, continua com a formação histórica da região até chegar aos dias de Felipe II. Estes autores apontavam para as características da Escola dos Annales: INTERDISCIPLINARIDADE, marcada pela forte influência da sociologia, da economia, da demografia, da geografia, da estatística; ATENÇÃO PARA A PRESENÇA DAS MASSAS, DO POVO na história; ABORDAR A HISTÓRIA NUMA PERSPECTIVA DE LONGA DURAÇÃO, não apenas do grande evento praticado pelo grande líder; ATENÇÃO PARA AS MENTALIDADES COLETIVAS.

Sobre o nome da Escola, ele é devido à revista criada por Bloch e Febvre em 1929: ANAIS DE HISTÓRIA ECONÔMICA E SOCIAL. Ah, sobre a tragédia pessoal de Bloch, preso pelos nazistas durante a ocupação alemã da França, foi executado com todos os prisioneiros dias antes dos Aliados libertarem Paris. Deixou inconcluso um último texto, onde refletia sobre o trabalho do historiador...

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