terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

TV, cabelos e consumismo.

Já li em algum lugar sobre uma pesquisa feita entre universitários norte-americanos sobre a influência que a imagem exerce sobre as pessoas. Os membros do time de futebol americano (fortes, atléticos, imagem de saudáveis, ok?) passavam a usar uma fita vermelha amarrada a um dos tornozelos. Algum tempo depois, a maioria dos outros rapazes também estavam utilizando fitas vermelhas amarradas aos seus tornozelos. Conclusão: o time possuía uma imagem positiva com a qual os demais jovens, inconscientemente, buscavam associar-se. Usar a fita era uma forma de identificar-se com o time e tudo aquilo que ele simboliza, com várias formas de prestígio e poder.

A televisão também dita moda entre nós e isso não é um segredo para ninguém. Vejamos o caso (triste, em minha opinião) da novelinha global, a malhação. De repente, a TV passa a apresentar um jovem (que ela mostra como estudante, que vergonha de estudante!) usando cabelos grandes (versão pós-moderna do Black Power) e... não dá outra! Milhares de jovens pelo país afora passam a apresentar suas madeixas crescidas, à semelhança do pseudo-estudante televisivo. Vale lembrar que a moda tem sua representação de acordo com a época. Na década de 60 os cabelos encarapinhados crescidos demonstravam uma insatisfação genérica contra o sistema. Era a época da contracultura americana, do movimento hippie, dos protestos contra a guerra do Vietnã, etc. Hoje estão ligados a um consumismo desregrado, sem limites, a uma cultura individualista (no pior sentido desse termo) e que se esgota no culto ao próprio corpo.

A TV e o mercado jogam com o próprio sentimento de rebeldia, natural da adolescência, para conduzi-la, refreá-la, limitá-la e, contradição das contradições, controlar e conduzir o jovem para o consumismo. Para demonstrar suas insatisfações, ele deve comprar uma calça esfarrapada, comprar aquela pulseira, aquele colar, aquele piercing, aquela mochila, deixar o cabelo crescer daquela forma, imitar aqueles gestos, enfim. O resultado, infelizmente, é uma garotada cada vez mais uniformizada pelo que de pior a mídia pode produzir.

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